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Taxistas de Diadema protestam contra assaltos na região

Uma das vítimas foi assaltada 27 vezes

Os taxistas de Diadema sofrem com o elevado índice de assaltos nas ruas da cidade. Nós últimos dois meses, quatro profissionais foram assassinados e seis baleados. Revoltados com a situação, cerca de 100 motoristas de táxi fizeram, na última terça-feira (12/3), uma manifestação pacífica reivindicando mais segurança.

Os manifestantes se reuniram na Praça da Moça, centro, e seguiram em carreata até a Prefeitura de Diadema onde foram recebidos pelo secretário de Defesa Social José Eduardo Félix, e o tenente coronel do 24º Batalhão da Polícia Militar da cidade, Reinaldo Zychan.

Um cartaz aberto em frente à Prefeitura estampava a indignação da classe com a violência: “Nós taxistas estamos em pânico, aterrorizados e impossibilitados de trabalhar devido ao elevado índice de assaltos. Queremos providências das autoridades”. Nos vidros dos carros, também foram escritas frases reivindicando segurança: ‘chega de violência’; ‘os taxistas só querem trabalhar em paz’.

“É uma manifestação pacífica. Nós queremos chamar a atenção das autoridades para aumentar o policiamento e, assim, garantir a nossa segurança, principalmente na madrugada e nos finais de semana. Afinal, a gente nunca sabe quem está levando” explica Alexandre Moita, um dos organizadores do protesto.

“Está difícil trabalhar como taxista. Tenho 18 anos de profissão, já fui roubado inúmeras vezes. Com medo, alguns colegas, inclusive desistiram do táxi”, desabafa um permissionário que prefere manter o nome em sigilo com medo de represália dos bandidos.

Assaltado quatro vezes, o taxista Paulo Moita agora evita locais considerados críticos da região, como Jardim Eldorado, Vila Clara e Jardim Miriam. “Na última vez, fui abordado por dois indivíduos em uma moto e ainda levei um soco porque só tinha R$ 30”, lembra.

Segundo o comandante Zychan, o índice de roubos a taxistas na cidade é desconhecido. “Não há dados estatísticos registrados, os profissionais devem fazer o Boletim de Ocorrência, só assim, conseguiremos identificar o problema e tomar as medidas cabíveis”, alertou.

“Precisamos trabalhar em parceria. Os taxistas devem dialogar mais com a corporação para assim, criarmos ações de combate à violência”, destacou o coronel que, inclusive disponibilizou um número de telefone direto aos profissionais.

Com o objetivo de reforçar a segurança em regiões consideradas mais perigosas pelos taxistas, como as ruas Caminho do Mar, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santo Afonso, entre outras, a Polícia Militar fará um mapeamento desses locais.

Na próxima semana, a Secretaria de Defesa Social fará uma reunião com representantes dos taxistas, da Polícia Militar e da Polícia Civil, com o objetivo de estreitar a comunicação entre o grupo.

“Todos os envolvidos na questão serão ouvidos. As ações dos agentes de segurança serão baseadas no trabalho conjunto de inteligência e informações, que serão compartilhados entre motoristas de táxi e as forças de segurança do município. Isso vai permitir que tenhamos um quadro preciso para agir no combate à criminalidade”, finalizou o secretário.

Ocorrências

Em nota, o comando do 24º BPM informou que realizará vistorias em táxis com passageiros, além de continuar com a Cavalo de Aço, operação de abordagem específica a motos.

Além disso, a Polícia Militar ressaltou a intenção de estreitar o dialogo com a categoria taxista, a fim de identificar os locais e horários de maior ocorrência de roubos contra os profissionais.

Medo na praça

Com 49 anos de profissão, o taxista José Rodrigues da Silva, de 63 anos, foi assaltado 27 vezes e levou três tiros dos bandidos – braço, perna e pescoço – apesar da violência, nunca abandonou a profissão. “Trabalhar com táxi é preciso amar e não apenas querer. Afinal, o perigo e a morte estão sempre nos rondando, mas é preciso enfrentá-los, para levar o leite e o pão de cada dia das crianças. A classe é muito sofrida, ninguém reconhece nosso trabalho”, desabafa.

Clebson Cerqueira Souza, de 34 anos, decidiu abandonar a carreira na área de logística para virar taxista. Há dois anos e cinco meses na profissão, já foi vítima de vários assaltos na região. “Espero mais rigor das autoridades no combate ao crime. A violência é constante. Em janeiro, fui levar uma suposta passageira até à Estrada Maria Cristina, Jardim Eldorado. Essa mulher tinha cerca de 26 anos, era morena alta e muito simpática. Calmamente, ela esperou um motorista disposto a levá-la até o local. Chegando lá era uma emboscada, os meliantes armados levaram meu carro e meus pertences. Ela se fez de vítima, mas depois fui procurá-la no endereço e ninguém a conhecia”, lembra.

O taxista agradece a Deus, pois teve a sorte de voltar vivo e não acabar assassinado como o colega José Alves de Oliveira, enforcado com uma mangueira de gás em 25 de fevereiro.  “Na hora pensei na minha esposa e nos meus filhos, mantive a calma e a tranquilidade para dialogar com os marginais, mesmo sendo ofendido e humilhado, consegui sair ileso. É traumatizante, por isso evito fazer corridas em determinadas áreas, como Eldorado, Maria Cristina, Jardim Ivone e Jardim Ângela”, conta Souza.

Mesmo com medo da violência, Angélica Matias Sousa, de 22 anos, nem pensa em abandonar a profissão. “Adoro meu trabalho, mas é preciso reforçar o policiamento, principalmente à noite”, avalia a taxista.
Há dois anos trabalhando com táxi, Angélica nunca foi abordada pela polícia. “Além de policiamento ostensivo é preciso mais abordagens aos taxistas, especialmente durante o período noturno”, conclui.

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