“Taxista: um conto de um dia”

Sai de casa sem passageiro
Entrei na Rua Inajá Iguaçu
Passo pela Rua Cardon e Pires do Rio
Até a Gregório Ramalho, passageiro nenhum

Venho pelo centro
E pela Avenida Itaquera
Também a Avenida Líder
Não tem ninguém a minha espera

Na Avenida Conselheiro Carrão
É uma disputa imensa
Ônibus, lotação e táxi
Na Rua Cantagalo, vou perdendo minha crença

Entro na Sete de Outubro
Saio na Serra de Botucatu
Passando pela Itapura e Tijuco Preto
Na esperança de pegar algum

Na Coelho Lisboa, passo apenas um quarteirão
Praça Silvio Romero, não dá pra parar nem um pouquinho
Desço a Padre Adelino
E vou seguindo meu caminho

Na Rua Siqueira Bueno
Não se via ninguém
Na Tobias Barreto
É sempre assim também

A Rua da Mooca é muito longa
Venho por ela quase de fora a fora
Chegando à Teixeira Leite e Dr. Lund
Passageiro! Só no ponto agora

Na Conselheiro Furtado e Rua São Paulo
Américo de Campos, o trânsito também é impaciente
Seguindo na Avenida Liberdade e Condessa de São Joaquim
Guardo tudo isso na minha mente

Não é todo dia assim
De vez em quando dá para pegar algum
Chego a Brigadeiro Luís Antônio com a Jaceguai
Espero um bom tempo no ponto, para sair um

Ari Lopes da Fonseca
Taxista, trabalha em um ponto na Avenida Jaceguai há 35 anos.
Autor do livro “Poemas Verdades da Vida”, já prepara o lançamento de seu segundo livro de poesias.