Taxistas do Rio de Janeiro protestam contra aplicativos de caronas

Apps estão chegando ao país e táxis legalizados vêem ameaça

Taxistas da cidade do Rio de Janeiro estão distribuindo panfletos, em português e inglês, para orientar os turistas sobre os veículos irregulares que prestam serviço como se fossem táxis. A categoria reclama, principalmente, dos aplicativos de carona, que chegaram ao mercado e prejudicam os taxistas legalizados.

Esses aplicativos foram criados com a intenção de melhorar a mobilidade em diversas cidades, mas estão sendo usados por motoristas particulares para obter retorno financeiro. A ideia é simples: os usuários podem se cadastrar como motoristas ou passageiros, e se encontram pelo aplicativo se os destinos coincidirem. É sugerida uma doação ao motorista, para ajudar nas despesas, mas na prática, as pessoas pagam pelo serviço.

Segundo os taxistas do Rio, os carros particulares param irregularmente na lateral de hotéis da cidade, e pagam para que aliciadores orientem os passageiros erroneamente. Os panfletos distribuídos pelos taxistas alertam os turistas sobre quais são os táxis legalizados e como identificá-los.

Aplicativos de caronas foram alvo de taxistas em vários países

No dia 11 de junho taxistas de Barcelona, Madri, Londres, Paris e outras cidades européias protestaram contra a concorrência dos chamados “veículos de turismo com condutor” (VTC). A empresa americana Uber, conhecida pelo seu aplicativo que possibilita corridas em carros particulares, foi o principal alvo das queixas.

Em Madri, o setor organizou uma greve de 24 horas. Em Barcelona, o governo exigiu o fim imediato das atividades da Uber e iniciou processo para impor punições.

O movimento se originou no Reino Unido, onde os taxistas estão preocupados com o espaço cada vez maior ocupado pela Uber. Em Londres, milhares de taxistas se reuniram na Trafalgar Square, e em Roma foi organizada uma “greve ao contrário”, com os taxistas trabalhando o dia inteiro sem regras e cobrando no máximo 10 euros a corrida, como denunciam que os VTC fazem. O movimento afetou também outras cidades da Itália, Alemanha e França.

Como funcionam os aplicativos de caronas?

A Uber, principal alvo de protestos em diversos países europeus, coloca em contato usuários particulares e motoristas não profissionais em 70 cidades de 36 países. A ideia é estimular a partilha de carros entre desconhecidos através de geo-localização. O aplicativo permite ao condutor calcular o preço da viagem, que depois é pago à própria empresa, e não ao motorista. No Brasil, a Uber atua somente no Rio de Janeiro.

O aplicativo brasileiro de caronas Zaznu também está presente só no Rio de Janeiro, mas com planos de expansão para São Paulo, Curitiba, Belo Horizonte, Brasília, Porto Alegre e Florianópolis. Segundo Yohathan Faber, um dos fundadores da empresa, o serviço é muito mais seguro do que o táxi, já que o passageiro precisa cadastrar o cartão de crédito, e o motorista é obrigado a fornecer uma série de documentos, além de passar por uma entrevista.

Os passageiros do Zaznu fazem uma doação para ajudar nas despesas do motorista. A empresa anuncia que utiliza o valor do quilômetro, que é a tabela do táxi, menos 20%, mas o usuário não é obrigado a pagar nada. Caso decida “contribuir”, o pagamento é realizado por cartão de crédito.

Além desses, já estão em operação no Brasil os aplicativos de carona Wego e Karona, mas muitos outros prometem entrar no mercado em breve. Resta saber como será a aceitação dos usuários e, principalmente, a fiscalização dos órgãos competentes.