Multas e nada mais

Nunca se multou tanto na cidade de São Paulo. No ano passado, os motoristas sofreram 10,6 milhões de autuações de trânsito na cidade, número 4,5% maior do que o registrado em 2013. A Prefeitura arrecadou com essas multas mais de R$ 850 milhões de reais. As principais vítimas dessa indústria da multa são os taxistas.

Do total arrecadado, 5% são destinados ao Fundo Nacional de Segurança e Educação de Trânsito, do governo federal. O restante fica com a Prefeitura, para ser aplicado em melhorias no trânsito, fiscalização e programas de educação. Mas nada disso acontece em São Paulo. Os programas de educação no trânsito praticamente não existem e não há melhorias visíveis para taxistas, pedestres, motoristas e usuários de transporte público. Apenas os ciclistas foram beneficiados na gestão de Fernando Haddad - mesmo assim com ciclofaixas feitas sem nenhum planejamento, sem nenhuma conexão com a rede oficial de transportes.

Como não há transporte público de qualidade nem incentivo para o uso de táxi, a população segue comprando carros e abarrotando as ruas, o que provoca recordes seguidos de congestionamentos. As empresas de ônibus, sem fiscalização efetiva da Prefeitura, prestam um serviço ruim, que passou a ser investigado pelo Ministério Público. Medidas de fundo, que precisariam de coragem do governante, nem são discutidas, como a ampliação do rodízio para carros comuns e a liberação dos corredores e faixas para os táxis.

As obras prometidas por Haddad em sua campanha não saíram do papel. Os poucos corredores que ele inaugurou foram planejados pelos prefeitos que o antecederam. Como em todas as áreas, no transporte o prefeito também é muito marketing e pouca ação.

Os paulistanos acabam sendo penalizados duas vezes: pelo caos no trânsito e pela indústria das multas. A sinalização confusa, as trocas de velocidade máxima várias vezes em uma mesma avenida e as placas mal sinalizadas fazem com que os motoristas sejam multados sem nem saber.

Os maus motoristas, sem dúvida, devem ser punidos. Mas o dinheiro dessa indústria da multa precisa ser usado para melhorar o caótico trânsito de nossa cidade.

Andrea Matarazzo
Vereador e líder do PSDB na Câmara Municipal de São Paulo