Caos na mobilidade

Os motoristas e pedestres que circulam diariamente pelas ruas e avenidas de São Paulo enfrentam a mesma dificuldade: o deslocamento de um ponto a outro da cidade, consequência da total falta de planejamento por parte da prefeitura.

Ao invés de ter tomado para si, logo nos primeiros meses de mandato, a tarefa de apresentar para os paulistanos o Plano Municipal de Mobilidade, o prefeito Fernando Haddad preferiu fazer dessa questão uma grande colcha de retalhos.

Logo de saída, sem olhar para a cidade como um todo e mais preocupado com o marketing político, Haddad abdicando de qualquer estudo, decidiu pintar aqui e acolá faixas exclusivas de ônibus, de modo a dar uma rápida resposta ao crônico problema da morosidade do fluxo viário dos coletivos. Muitas dessas faixas são equivocadas, alvo de críticas por parte de vários setores, como comércio, taxistas e também associações de bairros.

Na sequência, sempre ignorando a elaboração de um Plano Municipal de Mobilidade capaz de definir os pontos básicos e estratégicos do ir e vir numa cidade que se movimenta de maneira desordenada, a prefeitura iniciou a licitação para a construção de corredores de ônibus, um processo mal feito e que teve que ser interrompido por determinação do Tribunal de Contas do Município.

Sempre priorizando o marketing e deixando o planejamento de lado, Haddad lança, então, uma terceira fragmentação do processo de deslocamentos urbanos na cidade e pinta de vermelho o asfalto da cidade criando ciclovais e ciclofaixas sem dialogar com os paulistanos. Como a imprensa tem noticiado, muitas dessas rotas são totalmente equivocadas.

Enquanto isso acontecia, os pedestres, totalmente esquecidos, se viam  obrigados a andar por calçadas repletas de buracos, tomadas por entulho e imundice de toda espécie, num claro sinal da fragilidade na condução da zeladoria urbana, comprovada também na deterioração, sem reparos, da pavimentação asfáltica.    

Faltam apenas 17 meses para o fim dessa gestão e a apresentação do Plano Municipal de Mobilidade ainda patina em si mesma, com discussões pouco divulgadas e, portanto, fora da pauta de movimentos de cidadania e da imprensa.

O resultado dessa soma de equívocos todos nós conhecemos, em particular os taxistas que trafegam diariamente pela cidade por 10 horas ou mais: deslocar-se na cidade é uma cansativa e enervante aventura cotidiana.

Salomão Pereira
Vereador da cidade de São Paulo pelo PSDB